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LEDA CATUNDA

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Leda Catunda

Planta, 2021

colagem sobre a parede

Leda Catunda

1961, São Paulo, SP 

Vive e trabalha em São Paulo, SP.

Formou-se em Artes Plásticas, em 1984, pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo. Desde então, mantém estreita relação com a Academia, lecionando pintura e desenho na FAAP, na Faculdade Santa Marcelina e em seu próprio ateliê. Em 2003, defendeu tese de doutorado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com o trabalho Poética da Maciez: Pinturas e Objetos. Nele discorre sobre sua pesquisa que, iniciada nos anos 1980, explora os limites entre pintura e objeto por meio de obras volumosas e de superfície macia. 

Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: I Love You Baby (2016, Instituto Tomie Ohtake, SP) – que lhe rendeu o Prêmio Bravo! de Melhor Exposição Individual do Ano; Pinturas Recentes (2013, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba; e MAM-Rio); Leda Catunda: 1983-2008, retrospectiva realizada na Estação Pinacoteca (2009, SP). A artista já participou de quatro Bienais de São Paulo (2018, 1994, 1985 e 1983), além da Bienal do Mercosul (2001, Porto Alegre) e da Bienal de Havana (1984, Cuba). Suas inúmeras participações em mostras coletivas incluem as antológicas Como Vai Você, Geração 80?, (1984, EAV Parque Lage, RJ), Pintura como Meio (1983, MAC-USP, SP) e, mais recentemente: Past/Future/Present (2017, Phoenix Museum of Art, EUA); Histórias da Sexualidade (2017, Masp, SP); e Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil (2014, Wexner Center for the Arts, Ohio/EUA). Sua obra está presente em diversas coleções públicas, como: Blanton Museum of Art (Austin/EUA); Stedelijk Museum (Amsterdã/Holanda); Fundação ARCO (Madri/Espanha); Toyota Municipal Museum of Art (Toyota/Japão); Instituto Inhotim (Brumadinho, MG); Pinacoteca do Estado de São Paulo; Masp (SP); MAM São Paulo; e MAM Rio de Janeiro.

Site: http://www.ledacatunda.com.br 

Estendida na parede, a imagem de uma samambaia enorme e cheia de ramos. Cada um deles traz um rosto, como uma semente, de artistas, amigos, assistentes, ex-alunos e colegas de Leda Catunda. A obra é Planta (2021), criada a partir do convite da Dizer Não, inspirada por um sentimento de angústia que resulta em algo mais forte: a valorização dessas pessoas que se dedicam às artes, apesar de dificuldades e conjunturas.

A samambaia está ali para representar também uma germinação. Como professora, Leda observa uma nova geração surgir, enfrentando a criminalização e outros obstáculos. “É legal essa ideia de germinar a planta, de brotar, de crescer, de dar frutos, com a ideia de artista”, comenta. Assim, a obra tomou um caminho afetivo, simbolizando, sobretudo, a admiração por quem toma a decisão de viver do que ama: “Quem é artista, o esquisito da família, é um fruto singular”.

Isso porque Leda enxerga heroísmo em quem decide viver uma profissão tão desafiadora do ponto de vista financeiro e emocional, marginalizada pela sociedade, que prefere profissões estáveis e formais. Mas há quem resista e se entregue ao encanto do fazer artístico. “A parte da sedução é essa possibilidade de modificar os sentidos. Não sei se pode mudar o mundo, acho que não, você pode inspirar sentidos que transformam o pensamento”, explica a artista, concluindo, com bom humor: “É uma puta duma opção!”.

Leda nos conta que a obra surgiu com o convite para compor a Dizer Não, que chamou sua atenção pela proposta política e por acontecer em um espaço “anti-hierárquico, uma ruína”. Ela enxergou ali um desafio, já que não poderia exibir qualquer peça: “Na hora já me deu uma animação, é um ambiente para a experimentação”. Na lista de convidados, identificou colegas de sua geração e muitos mais novos. Entre eles, João Loureiro, que Leda aponta como o criador da melhor metáfora da exposição: “A jiboia que está no ambiente, mas você não a vê. Vai que ela escapa… Você morre!”.

Havia também angústia da criadora que vivia a pandemia e se via à mercê de um presidente da República “biruta, de irresponsabilidade total”, temendo por sua saúde e pela de seus pais. Uma angústia coletiva que a levou a pensar na importância de cada artista para a cena cultural da cidade de São Paulo e do Brasil como um todo. Assim, a obra é uma manifestação, um recado: é preciso haver lugar para todo mundo.

E, entre “todo mundo”, estão incluídas as minorias sociais, hoje mais presentes nos ambientes de prestígio das artes. Nos últimos anos, Leda observou, na universidade, maior diversidade entre as pessoas que conquistaram seu espaço na academia e nas galerias. Por isso, diz que as políticas públicas, como as cotas raciais, são fundamentais, já que, em questão de poucos anos, mais negros e negras passaram a estar ali. “A compensação precisa ser feita. Eu acho que todo artista tem informação e pode trazer isso em seus trabalhos.” Leda Catunda quer ajudar a semear um outro futuro.

JOÃO BESSA

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