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ORGANIZADORES

Adriana Rodrigues, Edu Marin,

Érica Burini e Thaís Rivitti

ARTISTAS

Adriano Machado

Ana Dias Batista

André Komatsu

Bertô

Bruna Kury e Gil Porto Pyrata

Cildo Meireles

Clara Ianni

C. L. Salvaro e Frederico Filippi

Coletivo ...mesmo alienado

Cuca Ferreira

Daniel Jablonski

Denise Alves-Rodrigues

Edu Marin

Elizabeth Slamek

Fernando Burjato

Flora Leite

Graziela Kunsch

Isael Maxakali

JAMAC

João Loureiro

Juçara Marçal e Decio 7

Kadija de Paula & Chico Togni

Kauê Garcia

Laura Andreato e MuitasKoisas

Leda Catunda

Lia Chaia

Lícida Vidal

Lucimélia Romão

Marcelo Amorim

MUSEUL*RA

Pablo Vieira

Paola Ribeiro

Rafael Amorim

Raphael Escobar

Regina José Galindo

Rochelle Costi

Shima

Sol Casal

Vânia Medeiros

Wagner Pinto

AUTORES

Ana Avelar

Bruna Fernanda

João Bessa

José Bento Ferreira

Lucas Albuquerque

Lucas Goulart

Mônica Coster

Rogério Félix

DESIGNERS

Elizabeth Slamek

Lia Assumpção

Roberta Cardoso

SITE

Laura Andreato

FOTOGRAFIA

Everton Ballardin

MONTAGEM FINA

Jeff Lemes

Marta Bruno

Pablo Vieira

MEDIAÇÃO

Bruna Fernanda

Lucas Goulart

Zero Costi Martín

SEGURANÇA

Ronaldo Santos

AGRADECIMENTOS

A todos que contribuíram com nosso financiamento coletivo.

À equipe da obra: Cabelo, Genivaldo, Iranildo, Ronaldo, Tonico, Valdionor, Zé e Wagner.

Alayde Alves

Lorena Vilela

Marta Masiero

Tania Rivitti

APOIO

Ateliê 397

Masiero Arte e Cultura

Há uma pergunta insistente martelando hoje na cabeça de artistas, produtores e pensadores da cultura no Brasil: como reagir às barbaridades do presente? Do negacionismo do governo em relação à pandemia às mentiras deslavadas sobre a política ambiental do país; da condescendência com posturas racistas, transfóbicas, homofóbicas e misóginas à tentativa de flexibilização da posse de armas – até quando vamos tolerar que pessoas sejam mortas, pela covid-19, pela violência contra as minorias, pelas políticas ambientais que destroem, com uma canetada só, uma comunidade inteira, ou mesmo pela “insegurança alimentar” (novo nome da fome, velha conhecida do Brasil)?

É possível, neste momento, articular uma resposta crítica a partir do campo da cultura? Voltar a pôr a arte no debate público para que ela talvez consiga fazer, por seu questionamento agudo, pelas imagens que cria, pelos afetos que mobiliza, uma crítica ampla e contundente da situação em que nos encontramos? Como continuar produzindo, exibindo publicamente e financiando os projetos atuais? Como pensar nisso tudo quando, muitas vezes, a própria sobrevivência está em risco? Como trabalhar numa época de isolamento social, em pleno desmonte dos precários modos de financiamento das ações artísticas, num momento em que o governo rotula os artistas de “vagabundos”? Não seria necessário parar tudo, negar-se a continuar, a fazer qualquer coisa, numa espécie de recusa radical de tudo o que esse poder instituído representa?

São estas as perguntas a que este projeto se dirige: pode a arte Dizer Não? O que é viável colocar em marcha hoje? E, como fazê-lo? É possível refletirmos, em conjunto, sobre o que os artistas e demais agentes culturais devem – num sentido ético – fazer ou não fazer? O que cabe a nós nessa situação? Quais os limites de nossas ações?

É nessa oscilação constante, entre o fazer e o não fazer, que este projeto tomou forma. É entre a vontade de lutar e o luto que nos é imposto cotidianamente, entre a aposta na importância das experimentações simbólicas, de linguagem, de pensamento e o confronto com a morte, com a insignificância da vida, que avançamos e retrocedemos. É preciso continuar. Não posso continuar. É preciso continuar. Vou então continuar. Assim mesmo, ecoando as linhas finais de Beckett em O Inominável, que voltamos e avançamos em movimentos oscilantes, ambíguos, atordoados. 

Contrariando o discurso que apressadamente decretou a obsolescência das exposições físicas, decidimos tentar mais uma vez. Insistindo na presença do objeto, na possibilidade da fruição corporal, no contato com a matéria. Mesmo num período em que os encontros entre sujeitos tenham de ser rigorosamente regulados. Como organizadores, nós nos propomos a construir, com a ajuda de cada artista que topar a empreitada, duas plataformas complementares: espaço do galpão na Barra Funda e um site. Aqueles que não se sentem inclinados a participar de uma delas podem contribuir com a outra. As declinações deste nosso convite também podem ser compartilhadas publicamente no site, como formas de "Dizer Não".

Além deste texto, que apresenta os princípios do projeto, gostaríamos de indicar um grupo de obras - algumas bem conhecidas - que foram presentes no processo de construção dessa proposta. Elas serviram como base conceitual e compõem uma espécie de núcleo, lembrando-nos de que aspectos daquilo a que estamos nos dirigindo já apareceram no trabalho de outros artistas. Cildo Meireles, Fiat Lux: o Sermão da Montanha; Francis Alÿs, Paradox of Praxis 1: Sometimes Making Something Leads to Nothing; Jota Mombaça, Veio o Tempo em que por Todos os Lados as Luzes Dessa Época Foram Acendidas; Juçara Marçal, Encarnado e Regina José Galindo, Monumento a los Invisibles.

Este não é um convite para participar de uma mostra, mas uma proposta de estarmos juntos. Na medida de nossas próprias limitações e das limitações do tempo em que vivemos. Por meio do projeto  tentamos tornar público o que está sendo pensado e produzido nestes tempos sombrios apostando que podemos construir um grande Não em conjunto. 


 

Adriana Rodrigues, Edu Marin, Érica Burini e Thaís Rivitti 

[organizadores]

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